sexta-feira, 28 de outubro de 2016

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Sporting: altura para um plano B?

O Sporting, desde a chegada de Jorge Jesus, cresceu vários centímetros e, no jogo de sábado, alinhou com uma equipa particularmente alta. No onze inicial, o Sporting tinha 9 jogadores acima dos 1,85 m. As únicas exceções eram Elias (1,73 m) e Gelson (1,74 m). A média de alturas dos leões era de 1,87 m, contra 1,79 m do Tondela, onde apenas os centrais superavam o 1,85 m.

Com o decorrer do jogo, as entradas de Bruno César (1,77) e Castaignos (1,88) por Elias e André deram ainda mais altura à equipa, que depois baixou um pouco com a saída de Zeegelar para a entrada de Campbell (1,78 m).

Assim, num dia de clara desinspiração leonina e em que o Sporting não incomodava demasiado o Tondela através da sua forma habitual de jogar, talvez se justificasse recorrer a um plano alternativo que passasse por colocar a bola na área de forma mais rápida.

Não sou a favor de despejar bolas só porque sim. No Barcelona, com Iniesta, Messi, Neymar, Suárez, despejar bolas para a área nunca fará sentido, mas no Sporting pode fazer. Colocar  Bas Dost (1,96), Coates (1,96), Castaignos (1,88 m) e Bryan (1,88) nas imediações da área contrária a serem servidos por Gelson, Campbell e William, com Bruno César para um eventual remate de ressaca, causaria muitos problemas ao "baixinho" Tondela, seguramente.



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Nota: Alturas retiradas de www.whoscored.com

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Mais uma jornada europeia e a França cada vez mais longe

Portugal tem, nos últimos anos, ocupado a quinta posição no ranking de clubes da UEFA, o que nos permite ter dois clubes com entrada direta na fase de grupos da Liga dos Campeões e outra com acesso ao play-off.

Este ano, no entanto, é muito possível que sejamos ultrapassados por França e Rússia. Aliás, dado que a época 2011-12 já deixou de contar para o ranking (contam as últimas cinco), já iniciámos a época em sétimo lugar.

Por isso, é importante acompanhar os resultados não só das equipas nacionais, mas também das francesas e russas, tal como já tinha feito para a primeira e segunda jornadas. (Clique para ampliar)


Interessante e, muitas vezes, pouco claro é ver a forma como os resultados desportivos se refletem no coeficiente de cada país, como se pode ver abaixo.




Esta jornada até nem foi má para Portugal, com 2 vitórias e um empate, permitindo uma (pequena) aproximação à Rússia, mas, mesmo assim, França conseguiu distanciar-se ainda mais, com três vitórias e um empate.

Se é daqueles que não consegue torcer por um rival nem sequer nas competições europeias, pode, pelo menos, torcer contra as equipas francesas e russas.

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Notas: O coeficiente é dado pela média dos pontos obtidos durante as últimas cinco temporadas.
Atribuição de pontos: 2 pontos por vitória, um por empate (nas pré-eliminatórias e play-off é metade). 4 pontos pela presença na fase de grupos da Champions e 4 por apuramento para os oitavos. Um ponto extra por cada fase que se passa depois (oitavos, quartos, meias, final) quer na Champions, quer na Liga Europa.
Os pontos são divididos pelo total de clubes que cada país apura. Os nossos pontos são a dividir por seis (tal como os de França). Os pontos da Rússia são divididos por 5.
Equipas portuguesas: Benfica, Sporting, Porto, Braga, Arouca (eliminado), Rio Ave (eliminado)
Equipas francesas: PSG, Lyon, Monaco, Nice, Saint-Étienne, Lille (eliminado)
Equipas russas: CSKA, Rostov, Zenit, Krasnodar, Spartak de Moscovo (eliminado)

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Correria em Kiev (e nos outros campos da Champions)

Nas duas primeiras jornadas da Liga dos Campeões, o Sporting foi a equipa portuguesa que percorreu uma maior distância, com alguma diferença para Benfica e, sobretudo, Porto.

Talvez esse facto não esteja totalmente dissociado das duas escorregadelas dos leões no campeonato (frente a Rio Ave e Vitória) imediatamente após os confrontos europeus.

No entanto, nesta jornada da Liga dos Campeões, algo de estranho aconteceu. O Sporting correu  menos do que nas anteriores jornadas, mas a diferença não é muito significativa. A grande surpresa é a distância percorrida por Benfica e Dínamo de Kiev.

Até ontem, o recorde de distância percorrida numa partida desta fase de grupos da Champions pertencia ao Tottenham, com 118,873 km. Ontem, talvez motivados pelo frio, tanto Benfica como Dinamo, bateram esse recorde. Os encarnados percorreram 119,257 km e os ucranianos somaram 119,520 km.

Para já, a correria valeu três pontos e um passo importante para a qualificação do Benfica. Veremos se terá custos no próximo jogo do campeonato. (clique para ampliar)





Dados retirados do site da UEFA.


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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Proporção de minutos jogados por portugueses nos três grandes desde 2012-13.

A propósito de um estudo publicado pelo CIES - Observatório de Futebol sobre os minutos de utilização de jogadores nacionais nas principais ligas da Europa, fiz a mesma análise para os três grandes portugueses, há uns dias.

Agora, fui verificar como tem sido a evolução da percentagem de minutos jogados por portugueses nos três grandes, ao longo das últimas épocas.




O Sporting tem sido, com alguma diferença, o clube que utiliza mais portugueses e é curioso verificar que a época em que utilizou mais jogadores estrangeiros nos últimos anos foi também a pior época do clube em termos de resultados (2012-13).

Com a chegada de Jorge Jesus, a proporção de minutos dados a portugueses no campeonato reduziu-se um pouco comparando com a época de Marco Silva (2014-15), mas ficando acima da época de Leonardo Jardim, por exemplo.

Do outro lado da segunda circular, desde a entrada de Rui Vitória, o Benfica passou a utilizar mais portugueses no campeonato do que utilizava com JJ.

Eis os jogadores portugueses que completaram mais de 1000 minutos nos anteriores campeonatos:

Sporting

2012-13: Patrício (2700), Miguel Lopes (1184), Adrien (1159), Cédric (1157) e Joãozinho (1151).
2013-14: Patrício (2700), William (2533), Cédric (2520), Adrien (2458), A. Martins (1943) e Wilson Eduardo (1034).
2014-15: Patrício (2970), William (2443), P. Oliveira (2346), Nani (2291), Adrien (2266), João Mário (2111), Cédric (2029) e Mané (1346)
2015-16: Patrício (2999), João Mário (2715), Adrien (2328), William (2137), P. Oliveira (1565), J. Pereira (1508), Semedo (1208) e Gelson (1202)

Benfica

2012-13: -
2013-14: -
2014-15: Eliseu (2286), Pizzi (1289) e André Almeida (1200).
2015-16: Eliseu (2665), Pizzi (2283), A. Almeida (2266) e Renato (1905).

Porto

2012-13: Moutinho (2383) e Varela (1642).
2013-14: Varela (1836), Josué (1223) e Licá (1091).
2014-15: Quaresma (1828) e Rúben Neves (1199).
2015-16: Danilo (2505), André André (1879) e Rúben Neves (1190)


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Nota: todos os dados foram retirados de www.transfermarkt.com e incluem apenas jogos da primeira liga.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A utilização de jogadores portugueses e latino-americanos nos três grandes.

O CIES - Observatory of Football publicou hoje os tempos de utilização de jogadores nacionais nas principais ligas da Europa.

Como o CIES não acompanha a Liga Portuguesa, fiz as mesmas contas para os três grandes na Liga Portuguesa, utilizando dados do www.transfermarkt.com.

O Sporting é a equipa, de entre os três grandes, que dá mais minutos a jogadores portugueses. Aproximadamente 50% dos minutos de jogo foram feitos por jogadores portugueses. No Benfica, os minutos dos jogadores nacionais correspondem a 32% do tempo total de jogo e, no Porto, a proporção é de apenas 27%.

Por curiosidade, vi também quão "dependentes" os grandes estão de jogadores latino-americanos. No Porto, os jogadores latino americanos jogaram 44% do tempo, enquanto no Benfica jogaram 35% e, no Sporting 34%.

domingo, 9 de outubro de 2016

Por que Bruma merece ir à seleção (e por que não vai) - vídeo

Por que é que Bruma devia ser convocado:

Bruma está a fazer um sensacional início de campeonato ao serviço do Galatasaray. Em apenas 7 jogos, conta já com dois golos, três assistências e um penálti sofrido.
Segundo as estatísticas do Who Scored?, Bruma tem sido o melhor jogador do campeonato turco esta época e, segundo o Goal Point , é o driblador mais eficaz da Europa. (Clique na imagem para ampliar)


Claro que podemos questionar a qualidade do campeonato turco, mas... Quaresma também lá está e apresenta números piores do que Bruma em quase tudo. (Clique na imagem para ampliar)


Comparação Quaresma e Bruma - Goal Point


A decisão de levar Quaresma em vez de Bruma é ainda mais absurda se tivermos em conta que Quaresma já tem 33 anos e Bruma tem 21

Bruma foi convocado para a seleção sub21 e... ficou no banco frente à Hungria. Só entrou ao intervalo.

Deixo aqui 60 segundos de Bruma, só desta época. Sei que é possível fazer vídeos destes para qualquer jogador, por isso é importante realçar que o vídeo é feito só com base nos sete jogos oficiais de Bruma esta época.



Por que é que Bruma não vai à seleção:

Muito por culpa das escolhas que fez (ou que o seu encarregado fez) para a sua carreira. Se estivesse a jogar num grande em Portugal, provavelmente já teria sido chamado. Chamo a atenção para o golo marcado ao Besiktas (aos 40 segundos do vídeo). Imagine as capas que este golo teria feito se Bruma ainda jogasse por cá.

A sua não convocatória até se poderá entender porque Portugal tem muito bons extremos. O mais estranho é que não haja sequer ninguém a pedir a sua chamada ou a contestar o facto de um dos extremos portugueses em melhor forma neste momento não ser convocado.

É que, para além de estar escondido no campeonato turco, Bruma escolheu sair do Sporting da pior maneira possível e, por isso, nem entre os sportinguistas recolhe grande apoio.

Assim, terá de fazer o dobro para poder chegar à seleção. É o custo das opções que tomou (e de as convocatórias não serem feitas apenas de acordo com critérios desportivos).

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O onze português em melhor forma (dados whoscored.com)

Depois de ter analisado à defesa, meio campo e ataque da seleção nacional, deixo, como curiosidade, o onze formado pelos portugueses que melhor têm jogado esta época, segundo os registos estatísticos do sítio www.whoscored.com.

onze formado pelos portugueses que melhor têm jogado esta época


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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Ataque da seleção: Quaresma e Éder estão a mais (dados whoscored.com)

Depois da análise à defesa e ao meio-campo da seleção, deixo agora a análise aos avançados, baseada nos dados estatísticos do sítio www.whoscored.com.

Baseando-nos apenas nas exibições desta época (e mantendo a opção de Fernando Santos de levar dois pontas de lança e cinco extremos (que também podem atuar como avançados mais móveis num 4.4.2), os convocados para o ataque português deveriam ser:
  • Extremos: Bruma (Galatasaray), Gelson Martins (Sporting), Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Bernardo Silva (Monaco) e Wilson Eduardo (Braga). [Sairiam Pizzi e Quaresma].
  • Pontas-de-lança: André Silva (Porto) e Hélder Guedes (Rio Ave).
Mas isto seria só de acordo com os números. Analisemos com mais cuidado.

Análise aos Extremos:

Extremos da seleção portuguesa

Bruma, aparentemente, está num grande estado de forma. É, segundo o whoscored.com, o jogador que melhores desempenhos tem tido de entre todos os que jogam na Turquia e, por isso, talvez merecesse uma oportunidade.

Poder-se-á argumentar que Bruma é mais importante nos sub-21 (para onde está convocado) do que na seleção principal. Mas esse raciocínio também poderia ser aplicado a Gelson Martins ou Renato Sanches e, no entanto, foram ambos convocados para a seleção A.

Bruma poderia perfeitamente entrar na convocatória no lugar de Quaresma. O jogador do Besiktas é um histórico da seleção, mas creio que estará na altura de a deixar. É capaz do melhor e do pior e, de acordo com os dados do whoscored.com, está abaixo de vários outros extremos portugueses, nomeadamente, de Bruma que até joga na mesma liga. Além disso, pela sua idade (33), Quaresma não é peça importante para o futuro da seleção.

Quanto ao jogador que deveria ser chamado para o lugar de Nani, estou de acordo com a escolha de Pizzi. Olhando só para os registos estatísticos, Wilson Eduardo e Pedro Santos, do Braga, também seriam opções, mas Pizzi tem a vantagem de ser polivalente.

Análise aos pontas-de-lança:


Avançados portugueses

André Silva é, sem dúvida, o melhor ponta de lança português, atualmente. A dúvida reside em quem deverá ser o outro convocado. Éder é presença habitual, mas tenho dúvidas que seja a melhor opção. Hélder Guedes, André Claro e Ricardo Vaz Tê têm estado melhor que o herói da final de Paris, mas também não são nomes muito convincentes.

O cenário é tão mau que talvez a melhor solução seja convocar só um ponta-de-lança (André Silva) e, assim, abrir espaço para mais um extremo. Afinal, na convocatória para o Euro também só havia um ponta-de-lança (Éder).




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Forma atual dos médios portugueses: Palhinha e Chico Geraldes muito bem, Renato em baixo. (Dados whoscored.com)

Ontem analisei os guarda-redes e defesas portugueses em melhor forma, segundo as pontuações do sítio www.whoscored.com. Hoje, olho para o meio campo da seleção.

Baseando-nos apenas nas exibições desta época, os convocados deveriam ser:
  • Médios Defensivos: Danilo (Porto) e Palhinha (Belenenses). [Sairia William]
  • Médios centro: João Mário (Inter), Moutinho (Monaco), Chico Geraldes (Moreirense) e André Gomes (Barcelona). [Sairia Renato Sanches]

Isto seria confiando cegamente nos números, mas é claro que estes dados estatísticos não são uma medida perfeita da qualidade das exibições, que uma amostra de 6 ou 7 jogos não é muito fiável, e que tem de se ter em conta que há jogadores que fazem parte do grupo habitual da seleção e não é por uma ligeira quebra de forma que devem ser excluídos. Analisemos então com um pouco mais de cuidado.

Análise aos Médios Defensivos:

 


É curioso que Palhinha, emprestado pelo Sporting ao Belenenses, esteja ao mesmo nível de William Carvalho (a diferença é de uma centésima). Mas claro que seria absurdo deixar William de fora da convocatória. Danilo e William são as escolhas óbvias, mas fica o destaque para Palhinha, Fábio Pacheco, Miguel Veloso, Custódio e Rúben Neves.

Análise aos Médios Centro:




No centro do terreno, as escolhas também são consensuais, à exceção de Renato Sanches. Francisco Geraldes, emprestado pelo Sporting ao Moreirense, consegue intrometer-se ali no grupo dos médios que foram convocados, tendo melhor pontuação que André Gomes, mas não faria sentido deixar o jogador do Barcelona de fora. Neste setor, a decisão mais discutível é a convocatória de Renato Sanches.

É praticamente unânime que o seu início de época no Bayern tem ficado bastante abaixo do esperado, portanto, certamente que Renato não foi chamado devido às suas exibições desta época. Há jogadores que pela sua história, estatuto e qualidade têm sempre lugar garantido na seleção, mesmo que passem por um mau momento de fora. São os casos de Patrício, Pepe, Moutinho, Nani ou Ronaldo, por exemplo. Renato Sanches é ainda um miúdo e, por isso, naturalmente, não é dos jogadores que já tenha conquistado lugar cativo na seleção. Sendo assim não vejo razão para convocá-lo. 

Na minha opinião, dever-se-ia ter dado oportunidade a outro jogador que esteja em melhor forma. E foi bastante fácil encontrar médios portugueses com melhor pontuação do que o Renato: Francisco Geraldes, Rúben Ribeiro, André Sousa, André André, Tarantini e Cafú.

O único argumento para a convocatória de Renato é que, pela sua qualidade, é muito provável que venha a fazer parte da convocatória para o Mundial da Rússia daqui a dois anos, mesmo que agora esteja num mau momento. Mas... Francisco Geraldes ou André André, por exemplo, também poderão vir a fazer parte dessa seleção. Se, mesmo num péssimo momento de forma, Renato não pode sair da convocatória, então a única hipótese para os restantes médios portugueses será esperar por alguma lesão...


Mais logo olharei para os avançados portugueses em melhor forma.


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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Defesas portugueses em melhor forma: Rúben Semedo, Neto e Ricardo melhores que Fonte, Alves e Cancelo.

O sítio www.whoscored.com regista uma enorme série de dados estatísticos relativos relativos à performance de cada jogador e, com base nisso, atribui uma nota à exibição de cada atleta por jogo.

O exercício que faço neste post e que amanhã farei também para os médios e avançados da seleção é, simplesmente, ver quais são os jogadores portugueses que estão a ter melhor desempenho esta época nos seus clubes de acordo com a avaliação do Whoscored.

Utilizando essas avaliações como único critério para fazer a convocatória, as escolhas para a defesa portuguesa deveriam ser:

  • Guarda Redes: Ricardo Nunes (Chaves), Bruno Varela (Vit. Setúbal) e Anthony Lopes (Lyon). [Sairiam Marafona e Patrício]
  • Centrais: Pepe (Real Madrid), Rúben Semedo (Sporting) e Luís Neto (Zenit). [Sairiam Bruno Alves e José Fonte].
  • Laterais Esq.: Raphael Guerreiro (Borussia) e Nuno Pinto (Vit. Setúbal). [Sairia Antunes]
  • Laterais Dir.: Ricardo Pereira (Nice) e Miguel Lopes (Akhisar). [Sairiam Nélson Semedo e Cancelo]

Mas claro que a chamada à seleção não se baseia apenas no desempenho dos últimos dois meses. por exemplo, mesmo que Cristiano Ronaldo atravesse uma fase péssima de forma, deve continuar sempre a ser convocado. Por isso, analisemos com mais cuidado cada posição.

Análise aos Guarda-Redes:

Guarda-redes seleção Portugal

Os guarda-redes são os que mais sofrem com o facto de se analisar uma pequena amostra de jogos. Patrício não tem tido culpa nos golos sofridos, mas o facto é que tem sofrido vários e não tem feito muitas defesas, daí os seus números serem maus nesta altura. Ainda assim, não faria sentido tirar Patrício da baliza da seleção. Chamar Ricardo Nunes também não faria muito sentido pela sua idade (34) e Bruno Varela provavelmente faz mais falta na seleção sub-21 (para onde foi convocado) do que como terceiro guarda-redes da seleção principal. Assim, concordo com as opções de Fernando Santos.

Análise aos Laterais Esquerdos:

Laterais Esquerdos seleção Portugal

Raphael Guerreiro é claramente o lateral esquerdo português em melhor forma (mesmo que, por vezes, esteja a jogar mais à frente no Borussia). Sobre Antunes, os dados do WhoScored não são fiáveis, porque não incluem informação sobre a liga ucraniana, apenas sobre os dois jogos que o Din. Kiev fez na Liga Europa. Outros laterais esquerdos portugueses que têm estado bem são Nuno Pinto (Vit. Setúbal), Nuno Sequeira (Nacional) e Tiago Pinto (Osmanlispor). [Sim, este Tiago Pinto é esse em que estão a pensar. Filho de João Pinto, que fez a formação no Sporting e passou também por Braga e Rio Ave]

Análise aos Laterais Direitos:

Laterais Direitos seleção Portugal

Ricardo Pereira é dos jogadores mais injustiçados nesta convocatória. É, de todos os jogadores da Liga Francesa, o que merece melhor avaliação do Who Scored. Titular no surpreendente Nice que lidera o campeonato nesta altura. Deveria ter sido convocado em vez de João Cancelo. Miguel Lopes tem estado bem na Turquia, tal como João Pereira e Pedrinho, em Portugal. Qualquer destes três, tal como Nélson Semedo, tem estado melhor que Cancelo esta época.

Análise aos Centrais:


Centrais seleção Portugal
O centro da defesa é onde discordo mais das opções de Fernando Santos. Bruno Alves (34) e José Fonte (32) não vão para novos e já têm um desempenho abaixo de vários outros centrais portugueses. No seu lugar entrariam Rúben Semedo e Luís Neto, mais novos e melhores. Aliás, não foi difícil encontrar centrais portugueses que tenham estado melhor que Alves e Fonte neste início de época: Nuno Henrique, Frederico Venâncio, André Pinto e Pedro Mendes [Sim, esse mesmo, o que saiu do Sporting a custo zero para assinar pelo Parma].


Nota: Para esta análise, tive em consideração apenas os jogadores portugueses que atuam nas primeiras divisões de Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Alemanha, Turquia e Rússia.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Investimento vs Pontos - Maiores surpresas e desilusões na Europa

O CIES - Football Observatory publicou ontem o custo de aquisição de cada um dos plantéis das cinco principais ligas europeias (Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália e França), ou seja, o valor total investido nas transferências de jogadores que fazem parte do plantel atualmente.

Já se sabe que no futebol (e não só) o dinheiro manda muito, por isso, é natural que o valor do investimento em transferências (ainda que tenha algumas limitações) esteja muito correlacionado com o número de pontos conquistados no campeonato. Foi isso mesmo que fui confirmar. (Clique para ampliar)

Investimento vs Pontos conquistados


Como seria de esperar, há uma correlação muito positiva entre o custo de cada plantel e o número de pontos conquistados no campeonato. 32% da variação nos pontos é explicada pela variação nos valores das transferências. E é natural que, à medida que as jornadas vão passando, esta correlação vá aumentando.

Para já, entre as principais equipas europeias, as que estão mais longe do que o seu investimento faria supor são, por esta ordem: Schalke, PSG, Valencia, Wolfsburg, Inter, Man. Utd., Real Madrid e Barcelona.

Pela positiva, destacam-se: Nice, Hertha, Tottenham, Colónia, Chievo, Liverpool, Génova, Everton, Leipzig, Arsenal, Sevilha, Atlético, Frankfurt, Monaco e Man City.


Seria  interessante ter também estes valores para o campeonato português. Nessa análise, provavelmente o Sporting saíria beneficiado porque, apesar de a nível salarial já estar em valores próximos de Benfica e Porto, o seu plantel custou bastante menos, até porque alguns dos seus principais jogadores mais valiosos, como Patrício, William e Adrien vieram da formação.


Vou continuar a atualizar o gráfico ao longo da época para ver como evolui.

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*Notas sobre a construção do gráfico:

- Apenas é considerado o dinheiro investido na aquisição de jogadores que estão atualmente no plantel. Segundo este critério, Messi, Lewandowski e Ibrahimovic, por exemplo, não exigiram nenhum investimento de Barcelona, Bayern e Manchester United, respetivamente. Assim, o custo de aquisição do plantel não é uma medida perfeita da qualidade do mesmo.

- Os valores que usei estão standardizados. Ao custo de cada plantel subtraí a média do custo dos plantéis do seu campeonato e, depois, dividi pelo desvio padrão. Assim, a cada clube é atribuído um número de forma a que a média de cada campeonato seja zero e o desvio padrão 1. Estes números standardizados podem ser comparados, mesmo entre clubes de países diferentes, o que não aconteceria se comparássemos valores absolutos. É que, por exemplo, o plantel do Burnley custou € 56 M e o do Bordéus custou € 47 M, mas enquanto um é o terceiro mais caro de França, o outro é o mais barato de Inglaterra.

- Estes números standardizados facilitam a leitura da informação. Dado que a média é zero e desvio padrão é um, isso significa que, num clube com um valor acima de 2, por exemplo, o custo do plantel está mais do que dois desvios padrões acima do custo médio dos plantéis do seu campeonato. Se o valor for negativo, significa que o custo de aquisição do plantel foi menor do que a média do seu campeonato.

- Como nem todas as equipas têm o mesmo número de jogos realizados no campeonato, considerei o número de pontos obtidos por jogo, ou seja, o número de pontos obtidos dividido pelo número de jogos.

- O CIES não apresenta informação para os clubes cujo plantel custou menos de € 10 M no total. Nestes casos (que não são muitos) considerei o custo do plantel como sendo de € 10 M.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Marega e o aumento dos empréstimos em Portugal

Moussa Marega está a ser uma das principais figuras do campeonato. É o melhor marcador da Liga, com sete golos e ainda soma duas assistências, tendo, assim, participação direta em 75% dos golos do Vitória. Marega contribuiu decisivamente para todos os pontos que a equipa somou no campeonato. Marcou e assistiu na vitória por 2-0 ao Marítimo; na vitória frente ao Paços de Ferreira marcou dois e assistiu outro; marcou o único golo da sua equipa frente a Belenenses (1-1) e Moreirense (0-1) e, no sábado, contribuiu para o empate frente ao Sporting, com dois golos.

Pelo meio, o Porto venceu facilmente (3-0) o Vitória, que não pôde utilizar Marega por estar emprestado pelos dragões. Tudo isto, ao contrário do que se passava há uns anos, é legal. A regra que entrou em vigor no início da época passada permite isto mesmo e o Porto faz bem em aproveitá-la. Aliás, Benfica e Sporting fazem o mesmo, como é natural.

Comparei o número de emprestados que os grandes tinham espalhados pela primeira liga hoje com os que havia antes da mudança das regras. No início da época 2014-15, o Porto tinha cinco emprestados na Liga NOS (Quiñones, Kléber, Tozé, Sami e Sérgio Oliveira), o Benfica tinha um (Bruno Gaspar) e o Sporting não tinha nenhum. Hoje, o Porto tem 13 emprestados na primeira liga, o Benfica tem 7 e o Sporting tem 10. (clique para ampliar)

Emprestados de Benfica, Porto e Sporting na Liga Nos



O Porto tem jogadores em 7 clubes diferentes, o Benfica em 5 e o Sporting em 6. Estes números poderão vir a aumentar ainda mais nas próximas épocas, dado que, como se vê pelo caso Marega, esta é uma estratégia que pode dar resultados. É importante também lembrar que qualquer um dos três grandes tem ainda mais 15 ou 20 jogadores emprestados noutras ligas.

Dito isto, claro que ter jogadores emprestados a um clube não é garantia de nada. O Sporting, por exemplo, perdeu frente ao Rio Ave, apesar de a equipa de Vila do Conde ter sido impedida de utilizar Héldon. Mas claro que não é o mesmo defrontar o Rio Ave com ou sem Héldon ou defrontar o Vitória SC com ou sem Marega.
Nota: Todos os dados retirados de transfermarkt.com


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sábado, 1 de outubro de 2016

Formação e prospeção: os Golden Boys e os grandes portugueses

Foi, esta semana, divulgada a lista de 40 nomeados para o Golden Boy, o prémio equivalente à Bola de Ouro, mas para jogadores abaixo dos 21 anos.

Este ano, há quatro nomeados com ligação ao campeonato português: Gonçalo Guedes, Danilo Barbosa, Rúben Neves e Renato Sanches.

Por curiosidade, fiz o levantamento de todos os nomeados desde 2008. Olhando a lista de jogadores que foram nomeados enquanto jogavam em Portugal ou que o foram já depois de sair da nossa liga, percebe-se o que tem sido um dos grandes méritos de Benfica e Porto e uma falha do Sporting: a prospeção.

Nos últimos anos, o Benfica contratou 8 jogadores que, depois, receberam a nomeação para Golden Boy, enquanto o Porto contratou 7. O Sporting não contratou nenhum. (Nestas contas estou a incluir Óliver e Danilo Barbosa que chegaram apenas por empréstimo. E Danilo já tinha sido nomeado também em 2015, portanto nem é o melhor exemplo da excelente prospeção do Benfica).

Quanto à formação, Sporting e Benfica viram três dos produtos das suas escolas serem nomeados, enquanto no Porto apenas Rúben Neves foi nomeado.
 

Do quadro, há várias conclusões a tirar:
  • A prospeção tem sido um dos pontos fortes do Benfica e que tem rendido muito ao clube em termos desportivos e financeiros. Além dos que foram nomeados, exemplos da boa prospeção do Benfica são também Oblak, Lindelof ou Nélson Semedo.
  • Dier, Ilori e Bruma foram todos nomeados já depois de saírem do clube, o que mostra bem como o Sporting não tem sabido rentabilizar da melhor forma os jovens da formação. O caso mais evidente será o de CR7. Isso parece estar a mudar agora, como se viu no caso de João Mário ou de William que se mantém no clube.
  • Ser nomeado é sempre um bom indicador, mas não é garantia de nada. Os clubes portugueses não conseguiram retirar aquilo que se esperava de jogadores como Rodrigo Possebon, Sidnei, Nélson Oliveira, Atsu, Ola John, Quintero ou Iturbe. Por outro lado, jogadores como André Gomes, Bernardo Silva, João Mário ou William Carvalho não mereceram qualquer nomeação enquanto jovens promessas e hoje já são certezas do futebol português. Um caso curioso é o de Lewandowski. Em 2008, quando tinha 20 anos e jogava no Lech Poznan, não foi nomeado, apesar de entre os nomeados estarem avançados como Franco di Santo (Schalke), Bendtner (Nottingham Forest) e Levan Mchedlidez (Empoli)...

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