quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O Sporting e a sua (estranha) gestão de esforço

Foi ontem evidente que, na segunda parte, o Sporting baixou o ritmo de jogo a pensar na gestão de esforço para o próximo jogo.

Pressionou menos, deixou o adversário equilibrar a posse de bola e ainda apanhou uns sustos. Consultei os dados estatísticos do jogo para ver se se confirmavam estas ideias. Na generalidade, sim.  

Gestão do esforço frente ao Legia


Na segunda parte:
- O Sporting teve menos posse de bola : passou de 59% para 52%.
- Rematou muito menos: 11 remates na primeira parte, 4 na segunda.
- Pressionou menos, permitindo que o adversário melhorasse muito o acerto nos seus passes:  na primeira parte, o Legia acertou 75% dos passes, na segunda acertou 88%.

Mas há um dado surpreendente: o Sporting correu mais no segundo tempo do que no primeiro. Na primeira parte, correu 54,5 km e, na segunda, correu 58,1 km, o que é uma diferença considerável (7%).

A distância percorrida está longe de ser um indicador perfeito do esforço despendido. Na segunda parte, o Sporting correu mais, mas a um ritmo mais baixo e, portanto, com menos esforço. Mas, ainda assim, os números surpreenderam-me. Ao tentar gerir o esforço, o Sporting correu mais e, mesmo assim, não se pode dizer que tenha controlado perfeitamente a partida, porque podia ter sofrido um golo.

Para tentar perceber se estes números são normais, fui ver o que aconteceu noutros jogos em que o favorito tinha o resultado controlado ao intervalo.


Gestão do esforço: Juventus, Borussia, City

A Juventus, ontem, tal como o Sporting, vencia por 2-0 ao intervalo (em casa do Din. Zagreb). Os italianos também permitiram que o seu adversário melhorasse muito o acerto nos passes na segunda parte (de 77% para 86%), no entanto, subiram a percentagem de posse de bola (de 64% para 67%) e correram bastante menos. (52 km em vez de 55,9 km). É importante notar também que a Juve fez o 0-3 aos 57 minutos, o que deverá ter retirado qualquer esperança ao Zagreb.

Verifiquei também o Legia 0-6 Borussia Dortmund, da jornada passada. Aos 17 minutos, os alemães já venciam por 0-3 e, como esperado, tiveram de correr menos na segunda parte (51 km, em vez de 54,1 km).

Procurei outro jogo em que o resultado em intervalo fosse 2-0, mas que se mantivesse assim durante mais tempo, para ser mais comparável com o jogo do Sporting de ontem. O Manchester City, na jornada passada, vencia o Monchengladbach por 2-0 desde os 28 minutos e só chegou ao terceiro golo aos 77'. Também os ingleses conseguiram poupar-se na segunda parte: 58,9 km percorridos na primeira parte, 57 km na segunda.

Conclusão

Parece-me que o Sporting tem de aprender a gerir melhor o resultado. Talvez a opção deva passar por fazer essa gestão através da posse de bola, em vez de recuar e deixar que o adversário tenha mais iniciativa. É que, ontem, o Sporting não conseguiu ter o jogo totalmente controlado, nem conseguiu gerir o esforço tão bem como desejaria.

A atitude do adversário poderá também ajudar a explicar o que se passou. O Legia tinha um treinador novo e, por isso, os seus jogadores estariam, naturalmente, mais motivados, nunca tendo desistido do jogo. É que não foi só o Sporting que correu mais na segunda parte, claro. O Legia também correu mais e fez o dobro das faltas (5 na primeira, 11 na segunda), o que poderá ser um indicador de aumento de competitividade.

4 comentários :

  1. Antes de mais parabéns pelo blogue. Em relação aos km corridos na segunda parte, só o Markovic e o Campbell correram sozinhos cerca de 5 km, os substitutos jogam pouco em equipa, querem brilhar e tentam fugir com a bola, foram 3 ou 4 jogadas que poderiam ter sido geridas de outra forma.

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    1. Sim, parte da explicação pode estar na entrada dos suplentes.

      Por outro lado, nas outras equipas também deverá haver malta a saltar do banco cheia de vontade e, mesmo assim, correram menos no total.

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  2. Eu por mim quando estivermos a ganhar 2-0 tirava o jesus e punha o lopetegui. O homem era o mestre da posse de bola no meio campo defensivo

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